Seja por excesso de trabalho ou de diversão, há um aspecto muito
importante que acaba sendo deixado de lado: o sono. Uma noite bem
dormida é capaz de repor as energias necessárias para enfrentar
situações de grande desgaste físico ou mental na rotina diária. Mas o
que muitos não levam em conta é o fato de que o ato de dormir é
essencial para as nossas vidas.
Se o sono não fosse essencial, poderíamos encontrar na natureza
exemplos de animais que não dormem ou que não sofrem consequências por
longos períodos de atividade. Mas de acordo com um artigo científico
publicado na
plataforma PLoS, todo animal minimamente complexo precisa de algo semelhante ao que chamamos de sono. Por incrível que pareça, até os
insetos dormem.
Não podia ser diferente no caso dos seres humanos. Dormir traz
inúmeros benefícios ao nosso corpo, que vão desde a manutenção de um
sistema circulatório mais saudável até o aperfeiçoamento de funções
cognitivas, como a concentração e a memória. Portanto, é de se esperar
que esse processo cause impactos enormes em nossa vida e que possamos
aprender a usá-lo em benefício próprio.
1. Sono ruim, coração ruim
De acordo com pesquisadores da Universidade de Warwich, na
Inglaterra, pessoas que dormem menos de seis horas por dia ou sofrem de
distúrbios do sono possuem 48% mais chance de desenvolver alguma doença
cardíaca. Além disso, noites mal dormidas também tornam seres humanos
15% mais suscetíveis a derrames. O artigo, em PDF e em inglês, pode ser
consultado
online.
Outras instituições de pesquisa também confirmam o caso. De acordo com a
BBC,
pesquisadores de Harvard, na Inglaterra, constataram que homens acima
de 65 anos e que dispensam pouco tempo ao sono profundo possuem mais
chances de sofrer de pressão alta e, consequentemente, de doenças
cardíacas. Os cientistas acreditam que o mesmo ocorra com as mulheres.
2. Emagreça dormindo. Pergunte-me como
É comum associar a obesidade ao sedentarismo, então é de se esperar
que quem durma demais acabe engordando. Mas o fato é que quem dorme
pouco também enfrenta dificuldades para emagrecer, como constatou um
estudo publicado pelo International Journal of Obesity (
PDF em inglês).
A pesquisa analisou os hábitos de 472 pessoas que foram instruídas a
diminuir cerca de 500 calorias de sua alimentação diária e a manter a
prática de exercícios físicos durante um período de seis meses. Aqueles
que possuíam problemas relacionados ao sono foram os que menos perderam
peso. Mas por que isso aconteceu?
Dormir pouco altera a produção de leptina, um hormônio produzido
pelas células gordurosas do nosso corpo e que atua como regulador de
apetite e controlador da massa corporal. Ao passar muito tempo acordado,
o nível de leptina diminui, fazendo com que a pessoa sinta mais fome.
Além disso, esses picos de insônia também aumentam a produção de
grelina, um hormônio que nos faz sentir fome quando necessário. Logo,
essa confusão hormonal causada pelas poucas horas de sono faz com que o
ser humano coma mais do que precisa.
Portanto, lembre-se: nada de lanchinho durante as madrugadas de papo no
MSN.
3. Durma pouco e pegue um resfriado
De acordo com um
estudo conduzido
por pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, localizada na cidade
de Pittsburgh, EUA, a qualidade do sono influencia o sistema
imunológico do ser humano, tornando-o mais ou menos suscetível a pegar
gripe.
Para a pesquisa, foram monitoradas 153 pessoas saudáveis com faixa
etária entre 21 e 55 anos. Durante duas semanas, os cientistas coletaram
dados sobre a qualidade e duração de sono de cada voluntário. Depois,
essas pessoas foram expostas ao vírus da gripe por um período de cinco
dias. Aqueles que dormiam menos de sete horas por noite estavam três
vezes mais vulneráveis à doença do que aqueles que dormiam pelo menos
oito horas.
Aparentemente, sono e imunidade estão estreitamente ligados.
Pesquisadores do Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, na
Alemanha,
constataram que as espécies de mamíferos que dormem mais também possuem melhor resistência contra parasitas.
4. Dormir bem torna você mais esperto
É fácil constatar que dormir mal deixa qualquer um apático, esquecido
e facilmente irritável. Basta passar algumas noites em claro para que
isso aconteça. O problema é que, com o passar do tempo, esses efeitos
colaterais podem se transformar em problemas de rendimento no trabalho e
na escola, além de depressão clínica e distúrbios do humor.
O
Centro de Estudos do Sono
da Universidade de Glasgow, na Escócia, constatou que pessoas com
dificuldades para dormir podem ter mais problemas de relacionamento e
cerca de três vezes mais chances de sofrer de depressão ou falta de
concentração. Como se não bastasse, o caso pode acabar em uma espécie de
círculo vicioso, em que condições ruins de sono causam problemas
mentais que pioram ainda mais o sono da pessoa.
A Universidade de Michigan, nos EUA, apurou dados que reforçam a relação entre noites mal dormidas e depressão. De acordo com o
estudo, adultos com problemas crônicos de sono estão cerca de 2,6 vezes mais propensos a tentar suicídio.
5. Se não dormiu, não dirija
De acordo com a National Highway Traffic Safety Administration (
NHTSA), agência norte-americana responsável por reduzir o número de acidentes nas estradas dos EUA, a “cochilada” no volante é a
responsável
por mais de 100 mil desastres por ano naquele país, resultando em mais
de 40 mil traumas físicos e 1.550 mortes. Um dos grupos que está mais
exposto ao risco de dormir enquanto dirige são as pessoas cujo sono dura
menos de seis horas por dia, além de trabalhadores noturnos e
motoristas que sofrem de hipersônia e ainda não buscaram tratamento.
6. Não mexa no relógio biológico
Pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon, nos EUA,
encontraram evidências
de que a alteração do ritmo circadiano, também conhecido como relógio
biológico, pode desencadear neurodegeneração, perda das funções motoras e
morte prematura.
Esse “relógio” consiste em um mecanismo genético ajustado para dias
de 24 horas e ciclos regulares de luz, escuridão e sono. No corpo
humano, ele influencia diversos processos biológicos, que vão desde a
fertilidade até a produção de hormônio e a efetividade de alguns
medicamentos.
O estudo, realizado em moscas-das-frutas ― insetos que
compartilham cerca de 60%
dos genes humanos ―, constatou que as moscas que tiveram o seu relógio
biológico interrompido passaram por um período mais curto de vida, além
de perderem habilidades motoras e sofrerem danos cerebrais mais
rapidamente do que os espécimes com ritmo cicardiano intacto.
E já que o sono e o relógio biológico de seres humanos estão
intimamente ligados, talvez valha a pena dispensar um pouco mais de
atenção à qualidade e quantidade de horas dormidas diariamente.
7. Sono, a fonte da juventude
A
Clinical Sleep Research Unit,
da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, constatou que pessoas
que dormem cerca de sete horas por dia vivem mais do que aquelas que
costumam dormir quantidades diferentes dessa. E não importa se a
“vítima” era um insone ou não: dormir acima de 9 horas por dia pode ser
tão prejudicial quanto não descansar.
Para entender as causas, basta dar uma olhada nos itens desta lista:
problemas cardíacos, falta de concentração, pressão alta e acidentes no
trânsito e até gripe são apenas alguns dos riscos que os distúrbios do
sono podem trazer. Portanto, lembre-se de considerar o sono como um
aspecto importante da saúde. Afinal, ninguém quer acabar como as moscas
do sexto item deste artigo, certo?